quarta-feira, 20 de abril de 2011

Um Membro da Cúpula

Então ele começou o encantamento:
“Glorioso espaço-tempo
Permeie este Sim
Ensine a ele a magia
E o caminho a seguir!”


Eu me vi cercado por luzes coloridas, tive certeza, uma transformação estava acontecendo. Pelo menos desta vez eu não sentia dor como quando tomei a poção que me transformou em Plantasim. Com a transformação completa, eu me tornei um bruxo! Meu primeiro pensamento foi sobre uma revanche com aqueles dois bruxos da UNESIM! A-DO-REI a ideia! Hehehe


Foi só descer do palco, para os outros membros da Cúpula virem me cumprimentar. O Ado foi o primeiro e se oferecer para me ajudar com os encantamentos mais simples. Não sei por que, apesar de achar o Jovem Sim um dos mais simpáticos ali na Cúpula... Não acredito ser o melhor entre eles para me ensinar magia.


Todos os membros, um a um, se aproximaram e me deram alguma dica ou falaram sobre alguma magia desconhecida para mim. O Klaus foi o mais direto, me lembrou de trocar de roupa e tirar o chapéu. Os membros da Sociedade não podem mostrar suas habilidades mágicas por aí! Foi quando a ficha caiu: eles vinham de limusine, porque senão iam ter que voar de vassoura para o pub! Sim bruxo não pode andar a pé!


Fui para frente do espelho e fiquei um tanto nervoso ao me ver com as vestes de bruxo. Tudo bem, agora eu entendia... Eu era apenas um bruxo neutro, como todos na Cúpula deviam ser. Mas a roupa era realmente pavorosa e não tinha estilo algum! Todo mundo sabe do meu bom gosto para me vestir, eu realmente não ia andar por aí com esta roupa medonha, não mesmo!


Logo ao me trocar o Grão-Mestre me cumprimentou e disse o quanto estava contente por minha aceitação em me tornar um membro da Cúpula. Eu não entendi nada, eu poderia recusar? Por que não mencionaram isto antes?!


Começou a recitar regras básicas: “Nunca deixe seu “Grimoire” ao alcance dos outros e só estude mágicas neutras! Não visite as Bruxas das Trevas ou da Luz, as duas são inimigas da Sociedade Secreta desde a dissidência do primeiro Grão-Mestre. “
Caracas! Ainda mais esta! Tomar cuidado com as bruxas e nem ao menos as conheço.


Merlim complementou dizendo o quanto eu deveria estudar para passar no próximo teste: “No encontro da próxima semana você precisará aprender o encanto certo para comparecer a reunião nesta sala. Não pode mais usar a passagem secreta.” Por fim me convidou a participar da minha primeira reunião com a Cúpula.


Já estavam todos sentados nos esperando. Então nos sentamos para dar início a tal reunião. Eu só queria saber da possibilidade de achar a Mita com a ajuda da Sociedade Secreta. Mal começou a reunião, eu perguntei sobre isto. Mas recebi apenas uma resposta seca do Grão-Mestre: “Por enquanto não vamos nos envolver com seus assuntos particulares. Hoje você só está aqui para ouvir.”


Como eu só tinha que ouvir mesmo, peguei minha esfera e comecei a brincar para passar o tempo. A reunião estava um tédio. Era um tal de quem é mais importante para ajudar o outro, ou atrapalhar a subida de alguém não tão importante. Um monte de armações, na minha opinião bem mesquinhas.


O Ado cutucou a minha perna, por baixo da mesa e olhou para mim sorrindo. Falou num murmúrio: “Não se preocupe, eu também sou excluído destes assuntos. Mas logo, logo vou aprender o feitiço certo e eles vão passar a me ouvir!” Mal acreditei em suas palavras. É, talvez as reuniões sejam melhores para quem tem mais conhecimento mágico.


Ele continuou: “Não deixe de estudar seu livro de magias, você vai aprender todos os encantamentos necessários nele. E aos poucos vai compreender como usá-los e então vai poder falar de igual para igual com todos os membros da Cúpula.”


Eu olhei para ele meio ressabiado. Cara! Voltei para universidade... Devo retornar aos estudos para conseguir algum espaço por aqui. Como?! Tenho dois filhos pequenos, trabalho a maior parte do dia e ainda uma linda esposa para cuidar! Será que vou dar conta de tudo isso?


Percebendo minha aflição, o Ado riu de mim e comentou sobre ser mais fácil para ele, pois só tinha duas horas de aula na UNESIM e nenhuma namorada. Fiquei com pena... Provavelmente o rapaz nunca deu um amasso na vida. Ai, vou precisar ajudá-lo, ensinando minhas antigas técnicas de sedução. Pensava em como abordar o assunto quando o Merlim nos interrompeu para dar a reunião por encerrada.


Desci as escadas e passei pela passagem secreta uma última vez. Estava até gostando disso, dava um ar de mistério, me fazia sentir importante! Mas fazer parte da Cúpula já era tudo isto e ainda mais agora, sendo um bruxo. Quando cheguei no primeiro andar, todos os membros estavam sentados no bar. Só esperando a limusine.


E claro, a Carmita estava por ali também e me perguntou se eu gostaria de tomar alguma coisa. Eu aceitei de pronto. Estava louco para molhar a garganta e descobrir até onde eu podia me abrir com ela.
Talvez ela seja a chave para todo este mistério. Quem sabe ela fala mais um daqueles seus enigmas e eu consigo descobrir como me adaptar a vida de bruxo e membro da Cúpula?


Nos sentamos e a Carmita pediu ao barman para me servir. Não pediu nada para ela, aparentemente não é chegada a bebidas alcoólicas. Então, começou perguntando como estava sendo para mim esta nova experiência, me tornar um bruxo. Ah! Ela realmente sabia de tudo! Eu disse que estava até gostando, talvez fazer magias pudesse me ajudar a descobrir mais sobre a Mita, ajudar meus amigos e ter uma revanche com os bruxos da UNESIM.


Ela olhou para mim séria e falou: “Espero que não seja como quando se tornou Plantasim. Num dia você estava feliz e no outro já estava doido para voltar a ser o velho Forte de sempre! E nem pense em usar a magia para proveito próprio... O preço é muito alto.”


Caracas! Como ela ficou sabendo da minha história como Plantasim? A esta altura a Carmita diz e eu nem duvido mais, só assino embaixo... Mas como os caras da Cúpula estão bem lá fazendo das suas e usando magia?


Sabiamente ela respondeu: “Repare, eles só usam a magia para encobrir seus passos, consertar uma ou outra besteira, ajudar os outros membros. Quando fogem disso, acabam muito mal!” Mais uma vez a ficha desceu: O membro que caiu da vassoura, morreu... Ou seja, deve ter usado a magia de forma errada!


A Limusine nos pegou na porta do pub e em menos de cinco minutos eu já estava caminhando para o meu apê. Queria contar a Cristal as novidades, e esperava sua aceitação da minha nova transformação. Se ela demonstrasse repulsa por eu ser um bruxo... Nem quero imaginar isto! Como eu poderia mudar esta condição?


Encontrei-a novamente sentada a frente do computador. Agora eu não tenho dúvidas, ela está realmente escrevendo outro livro. Não consegue me enganar com aquele jeitinho concentrado, sentada com a coluna toda torta! Agora eu entendo porque todo sim idoso fica encurvado. Se contarmos as horas que passamos a frente do computador sentados com a coluna torta... Só podia dar nisto mesmo, ficar encurvado com a idade.


Logo ao me ver se levantou e perguntou como havia sido a iniciação, estava curiosa para saber de tudo. Na dúvida, eu nem respirei, falei num fôlego só: Eles me transformaram em um bruxo neutro! Minha esposa fez uma cara tão feia, parecia até que ia colocar tudo para fora! Eu fiquei apreensivo. Não podia ser uma boa reação. Eu não ia aguentar se ela me afugentasse da cama novamente!


Procurei acalmar a minha luz, dizendo ser o mesmo Forte de sempre. Mesmo cheiro, mesma cor, apenas tinha um caldeirão e um “Grimoire” a mais em meu inventário. E claro, tinha a varinha mágica, mas ela só aparecia na minha mão (a velha telecinesia sim!) na hora de fazer um encantamento. Eu continuava igualzinho e ela ia poder conferir tudo mais tarde...


A Cristal se derreteu toda. Ufa! E disse estar mais que disposta a conferir tudinho! Depois desta afirmação eu mal via a hora de colocar as crianças na cama. Mas ela continuou dizendo estar muito preocupada com as consequências destas modificações. O que eles iriam me pedir para fazer sendo um bruxo? Ela não queria me ver envolvido com nada relativo às trevas e a fazer maldades para com os outros.


Estava preocupada com a velha máxima: “O poder corrompe”. Eu a tranquilizei da única maneira possível para mim, afirmei sobre o nosso amor me manter no caminho certo. Enquanto ela estivesse ao meu lado só poderia trilhar o caminho da luz, da minha luz. Com tanta proximidade entre nós e promessas para mais tarde, não resisti, eu precisava beijá-la.


Fui tomar um banho, enquanto minha esposa preparava o jantar. Brinquei um pouco com o pequeno. E acabei descobrindo que ele já desistiu do pianinho e agora não larga mais o coelho falante! Claro, eu precisava mimar também a minha princesinha. Ela está a cada dia mais linda, mais fofa e tem uma barriguinha irresistível! Dá até vontade de morder!


Desci exatamente no momento em que a Cristal terminou o jantar. Ela está se esforçando um bocado para se superar a cada refeição. E eu gosto muito desta variedade. Adoro experimentar comidas exóticas e pratos diferentes.


Enquanto servia, comentou sobre não ficar bem eu jantar sem camisa. Se a intenção era provocá-la, eu realmente estava conseguindo! Ela mal podia esperar pela hora de dormir... Hehehe.


Minha esposa me perguntou como manteríamos segredo desta história de ser bruxo, das crianças e dos nossos amigos. Eu expliquei sobre a necessidade de manter certos cuidados, como tentar não mostrar meus poderes em público, nunca me atrasar para o trabalho, me trancar no escritório para estudar meu “Grimoire”. E ela sorriu, dizendo não acreditar que eu conseguira manter segredo disto tudo por muito tempo! A falta de crédito da minha esposa na minha capacidade de manter um segredo me deixou chateado!


Mas quando eu a vi deitada na cama, de roupa de baixo me esperando... Nem me esquentei mais, a noite prometia! Hehehe. Realmente, esta história de ser bruxo melhorou muito minhas... Hã... Habilidades. Eu percebi que estava fazendo mágica debaixo das cobertas e encantei minha luz!


No fim ela perguntou, ainda ansiosa com esta nova situação: “Promete que nada vai mudar Forte, eu estou muito preocupada com esta história de Cúpula.” Eu prometi. Ia fazer o impossível para manter nossa vida feliz, sem deixar a Sociedade Secreta e a bruxaria atrapalhar.


Eu me levantei bem cedo e a deixei dormindo. Precisava estudar um pouco de magia. Se eu pretendia entrar na próxima reunião, deveria aprender o feitiço de teletransporte mágico. Aproveitei para verificar como estavam os meus filhos. Não perdi a oportunidade de namorar a Violeta, dormindo tranquilamente.


E olhar o Diamante. Desde o nascimento da irmã, ele não acordou mais chorando de saudades da Mita. Ainda bem, pois parece estar cada vez mais difícil encontrar esta menina.


Desci e tirei meu livro de magias do inventário. Comecei a estudar, tentando descobrir qual era o feitiço de teletransporte... Mas não consegui encontrar, aprendi outro bem útil: Agora posso manter meu corpo em forma sem malhar! Hehehe


Nas madrugadas daquela semana, eu seguia a mesma rotina, encantava minha esposa na cama... Dormia um pouco, acordava para olhar meus filhos dormindo como anjos e estudava muito. Nas vésperas da reunião consegui encontrar o feitiço de teletransporte: Magivestigium.


Não precisava de reagentes mágicos, então eu podia testar naquela madrugada mesmo. Comecei o encantamento:
“Quero passar por outra dimensão
Que se liga a este lugar sem qualquer convenção
Leve-me para o lugar que eu desejar
Só deixando para trás o fino ar!”
E funcionou de primeira! Em pouco tempo eu estava do outro lado da sala.


Acabei por lembrar, lá eu vou ter que transpor três andares!? Então subi e fui até o banheiro lá do quarto. A ideia era voltar para o escritório. Tudo estava funcionando muito bem. Mas quando aterrissei lá embaixo... Caí de cara no chão. Fiquei imaginando o mico, se eu entrasse na reunião assim. Nem quero pensar!


Então eu repeti o processo várias vezes até finalmente conseguir aterrissar com classe: Yes! Entretanto levei um bocado de tombo no processo... Por sorte, sim não tem osso para quebrar!


No dia da reunião, os rapazes nem me procuraram, não entendi por quê. Eu os encontrei na porta do condomínio, esperando a limusine. Então o Kléverson olhou pra mim e perguntou: “Ué, você vai hoje?”
Eu respondi: E não era para eu ir?


Ele falou não estar esperando um aprendizado do Magivestigium tão rápido. Nenhum dos dois conseguiu isto antes... Eu ri e me gabei, dizendo ser muito fácil. Mal comecei a ler o livro e já sabia qual
feitiço usar. Claro não mencionei minhas quedas. Afinal não deixaram marcas visíveis, só no meu orgulho!


2 comentários:

  1. Eu concordo com vc, o Ado não parece mesmo o mais indicado para ensinar magia.
    Aushauhsuahsuhh desculpa, mas ri muito com o tombo. =P Aprendeu rápido e ficou todo exibido, heim?

    ;*

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  2. É, ele não me passou muita seriedade...
    Ah! Agora relendo, eu ri muito, na época fiquei com o orgulho ferido e por isso mesmo fui me exibir para os amigos. Mas saber que era o único do grupo a aprender aquela magia em uma semana, me ajudou a superar os tombos. Hehehe

    Um Forte abraço

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