Novas Amizades

Eu realmente não cabia em mim de orgulho, fui o primeiro entre eles a aprender o feitiço em uma semana! Quando entramos no The Lhama Pub, olhei para o lado a procura da Carmita, queria lhe contar a novidade. Porém, estava atolada de trabalho e bastante enrolada, nem me viu entrar. Resolvi falar com ela mais tarde, após a reunião.

Entramos os três no banheiro, para fazer o feitiço de teletransporte. O Kléverson me pediu para ir primeiro, tive a impressão dele não estar acreditando na minha capacidade. Não liguei para isto, mesmo assim me deu um medo: E se eu me esborrachasse na aterrissagem? Eu só treinei com dois andares, hoje seriam três.

Quando comecei a desaparecer, os dois ficaram admirados, eles realmente não acreditavam no meu aprendizado do Magivestigium. A cara deles foi impagável! Caracas: aterrissagem perfeita! Eu vibrei de alegria, afinal não ia pagar mico algum. Ufa!

Mal aterrissei, Merlim veio me criticar por ter influenciado meus amigos a me teletransportar. Fiquei irritado. Não sou criança, tenho uma família e sei ser responsável. Não preciso usar de artifícios para atingir meus objetivos. Cheguei ali por meus próprios méritos!

O Grão-Mestre ficou um tanto abismado, não esperava que eu conseguisse aprender o Magivestigium em tão pouco tempo. Eu ri e disse ter estudado muito e abdicado de algumas horas de sono para estar ali.

Por fim nos sentamos para a reunião. Mais uma vez tentei entrar no verdadeiro motivo de ter me tornado um membro da Cúpula: achar a Mita. Merlim desconversou e explicou: “Você poderá propor qualquer assunto para resolvermos, mas só após aprender a parar o tempo!”

Ado comentou comigo sobre este feitiço ser o mais difícil, é preciso ser um bruxo do mais alto grau para conseguir fazer esta magia da forma correta. Nem preciso dizer o quanto foi entediante a tal reunião. Devia ter ficado em casa com minha esposa e as crianças.

Ao final da reunião eu desci para o bar com o jovem sim. E não resisti a ser indiscreto, acabei perguntando qual era o motivo para ele não ter uma namorada. O rapaz se empolgou e começou a falar da tal Marbella. Segundo o Ado, ela era linda, mas nem olhava para ele, pensava apenas em estudar.

Então, comecei a falar sobre a minha época de rei dos amassos e o quanto eu aproveitei antes de me casar. Ele parecia interessado, e dei umas sugestões sobre como seduzir a jovem sim. Sugeri começarmos pelo seu guarda-roupa, algo me dizia que fora o paletó de lhama, suas roupas eram do tipo “nerd” ataca!

Ele não parecia muito empolgado com a ideia, mesmo assim perguntou se roupas poderiam realmente atrair a jovem. Vendo a insegurança dele, garanti: Com as roupas certas, uma dose de bom humor, autoconfiança e sedução, ele teria a simgatinha que desejasse!

Ado me pareceu mais empolgado e perguntou quando começaríamos esta transformação. Por mim poderia ser amanhã mesmo, depois do trabalho eu iria com ele na butique da UNESIM e escolheríamos as roupas. Eu o aconselhei a praticar um pouco de autoconfiança na frente do espelho. Afinal foi assim comigo, eu comecei treinando na frente do espelho algumas cantadas e por fim terminei como rei dos amassos!

O jovem sim aceitou de pronto, sorriu e comentou algo sobre procurar se esforçar para melhorar seu carisma. Estava empenhado a conquistar sua musa. Em seguida o pai dele veio me convidar para a festinha de aniversário de sua filha. Disse para eu levar toda a minha família.

Eu nem sabia sobre a filha dele. Aliás, eu pouco sabia sobre os membros da Cúpula, exceto o Kléverson e o Klaus. Estava claro para mim: Eu precisava conhecê-los melhor. Estava aprendendo o quanto o conhecimento era importante nestas reuniões da Cúpula. Agradeci o convite e disse sim. A festa seria no domingo e a esta altura a Violeta já teria feito um ano, todos poderíamos ir. Era importante descobrir mais sobre a família dele e conviver com todos os membros da Cúpula, fora das reuniões.

Caminhei na direção da porta, mas na realidade eu queria conversar com a Carmita. Quem sabe ela me daria uma luz para encontrar o feitiço de parar o tempo? Porém ela ainda parecia estar muito ocupada! Ao me aproximar reparei que a Carmita estava lendo um livro. E não era o livro de reservas. Parecia um outro, de ficção. Ela estava muito entretida, como se fosse uma das suas melhores leituras dos últimos tempos.

Por isto mesmo, não me acanhei em interrompê-la, se não era trabalho poderíamos conversar. Precisava de sua ajuda. Claro, eu tentei ser gentil e perguntei: O livro está bom? Ela olhou para mim sem graça e pediu desculpas por não ter me dado toda a atenção da qual eu era merecedor. Carmita disse o quanto adorava uma boa leitura e em geral só conseguia parar de ler no final do livro!

Fiquei meio sem graça, afinal nem imaginava o grau de comprometimento dela com a leitura. Então fui direto ao assunto para não atrapalhar mais e perguntei se ela conhecia o tal feitiço de parar o tempo. Carmita olhou séria para mim: “Você esqueceu? Você já conhece este feitiço! Foi o que o bruxo do mal usou em você.”

Eu a fitei pasmo, como pude me esquecer disto!? E por fim fiquei olhando para ela e me perguntando mais uma vez, qual era o papel daquela sim em minha vida. Como sabia tanto sobre mim e sobre tudo a minha volta? Era mais um mistério para se resolver. Parecendo ler meus pensamentos, ela me abraçou e disse: ”Preocupe-se com a Cúpula e a Mita. Você deve se empenhar para resolver isto e ao final da sua jornada eu responderei suas perguntas.”

Eu me empenhei ao máximo para encontrar o feitiço de parar o tempo, lembro das palavras do bruxo da UNESIM:
“Pelo tempo, nos movemos para frente e para trás
(Para outros bruxos, não é nada demais).
Por um momento o tempo pára,
Interrompendo qualquer efeito.
Tempus interruptus: Assim se dá um jeito!”
Mas preciso encontrar os ingredientes certos, para experimentar esta magia.

Então, passei algumas madrugadas estudando meu Grimoire e nada! Porém encontrei um feitiço muito legal e vou acabar fazendo uma bela surpresa para os pequenos. Para isto, necessitava dos reagentes do feitiço. Então abri um espaço na biblioteca e coloquei meu caldeirão. Era hora de fazer ingredientes mágicos, senão não conseguiria fazer nenhuma mágica.

É claro, antes de praticar minhas novas habilidades, eu buscava dar atenção a minha esposa. Não poderia ser tão feliz sem os olhares apaixonados lançados por ela, ao namorarmos na cama. Eu me perco em seus braços tanto quanto ela se perde nos meus. Isto me completa de tal forma que mal consigo imaginar a vida sem a minha luz!

Muitas vezes só em olhar para ela, quando faz um beicinho, me sinto o próprio sol a iluminar sua vida e a de todos a nossa volta. E acredito ser este o motivo de adorar seus beicinhos, não me canso de olhar para o meu verdadeiro amor. Acabo não resistindo a fazer um carinho, adoro vê-la se derretendo, com apenas um roçar dos meus dedos em seu rosto.

Saber provocar nela tanta paixão quanto no nosso primeiro beijo! Sinceramente, eu estaria perdido sem ela, meu porto seguro, minha âncora, minha luz. Acho que ando lendo QEEG* demais, estou muito romântico esta semana! Eu fico torcendo pelo “nerd” se acertar com a música.

*Quem é esta Garota?

Na Sexta à noite, o Klaus nos chamou para comer um bolinho, o Júnior ia fazer um ano de idade. Levei o Diamante, para conhecer melhor o novo amiguinho. Meu amigo estava radiante com seu filho e mal podia esperar pela transformação.

Quando jogou o moleque no ar, uma luz rosa o cobriu e não sabíamos nem com qual roupa e muito menos como ficaria seu rosto ao voltar para o colo do pai. Ao término da transformação o menino usava um smoking igual ao do primo. Mas convenhamos... Ele podia ter puxado um pouco mais da Kéa.

Meu filho foi logo abraçando o novo amiguinho e o Alex até ficou um pouco enciumado. Apesar de nem ser aniversário do Diamante, foi ele quem acabou seduzindo a Britânia... Cara, fico imaginando o quanto este menino vai aprontar quando crescer!

Na manhã seguinte convidamos uns amigos para o aniversário da Violeta. O apê lotou! Nunca vi tanta gente lá dentro! Os meninos pareciam enlouquecidos com o movimento e não pararam de dançar, nem para ver a transformação da minha princesinha.

Cristal e Giuliana até ensaiaram uma torcida, esperando o apagar das velinhas e poder verificar a beleza da minha princesinha quando se tornasse um bebê. Então eu a joguei para o alto, esperando a mudança de recém-nascido para bebê acontecer.

Quando ela caiu em meus braços, mal posso descrever a felicidade de ver a minha princesinha crescida. Foi tão grande, quanto perceber a beleza daquele rostinho inocente e feliz. Só não entendi como o cabelo da Anita foi parar na Violeta! Pelo menos não foi aquele cabelo roxo... Argh!

As amigas da Cristal deram aquelas risadinhas sem graça quando viram a Violeta. Não do cabelo, mas da roupa: totalmente “out”, e eu nem posso discordar. Minha esposa não perdeu tempo, levou nossa filha para trocar de roupa e prendeu o cabelo da menina. Ela percebeu o quanto a franja e os cabelos soltos atrapalhavam a visão do belo rosto de nossa princesinha. Violeta ficou uma gracinha de tranças!

Minha Luz a deixou entre os meninos, para ver como eles iriam interagir entre si. Eu fiquei preocupado em deixar minha princesinha entre tantos meninos... Quando ela crescer vou mandá-la a um colégio de freiras, só meninas!

O pequeno abraçou a irmã com carinho e eu fiquei muito emocionado ao ver os dois se dando tão bem. Ele já estava afoito para correr e brincar com ela... Mas por enquanto a Violeta só sabe engatinhar. Tomei para mim a tarefa de ensiná-la, assim que todos fossem embora.

Entretanto a surpresa ficou com o Alex, vendo o abraço entre os irmãos quis um também! Eu não sei... Esta história de ficar abraçando minha filha... Não estou gostando nada. Entretanto minha princesinha parece ter gostado da ideia e foi logo se deixando abraçar pelo moleque! Vou acabar separando estes dois. Pelo menos, o Júnior estava mais preocupado com engatinhar por aí. Senão eu ia terminar com as visitas do Klaus e da sua família a esta casa.

Quando a festa acabou, Olívio e Acácia nos chamaram para comer o bolinho da Chris. Preferiram deixar tudo em família. E de certa forma nós sete agora somos praticamente uma família! Ele soprou as velinhas do bolo, completamente emocionado. Eu sei o quanto meu amigo estava feliz, agora que assentou no casamento e tem uma filha para se cuidar.

Acácia fez muito barulho, totalmente animada por finalmente ver a transformação da sua filha. A empolgação do Olívio era evidente quando lançou a pequena no ar. Ao retornar para os braços do pai, havia se transformado numa bela menina, só não gostei do cabelo! Mas nenhum dos dois se importou muito com isto. Tenho certeza, mais tarde a Cristal vai comentar alguma coisa e a Acácia vai dar um jeito.

Mal a Chris foi para perto dos meus filhos e já abraçou a Violeta. Não tenho mais dúvidas: elas vão ser amigas para sempre! Os três ficaram no maior papo... Na realidade, o pequeno estava me saindo um belo tagarela. As duas respondiam balbuciando algo parecido com as palavras dele, ou
seja, eu não entendi nada!

Antes de sair o Diamante resolveu chamar a Chris para um abraço. E claro, a pequena foi. Espero que isto não signifique algo mais... Pois ele já esteve apaixonado pela Mita, mas desde o nascimento da irmã nem tocou mais neste nome. Ele está me parecendo volúvel demais!

Ao voltar para casa, tomei para mim a missão de ensinar a minha princesinha a dar seus primeiros passos. Não é para me gabar, não... Mas minha Violeta é bem esperta e logo estava desfilando pela casa, fazendo até pose de manequim!

Nós comemoramos juntos seu aprendizado. Agora ela já podia correr por aí com o irmão. Só vou ter que afastar os meninos indesejáveis... Nem sei se foi uma boa ideia ensiná-la a andar!

No domingo, fomos ao aniversário da filha do Chien. Eu o apresentei a minha esposa, porém estava procurando a menina e não vi nenhuma criança a não ser meus filhos e os do Klaus. Perguntei a ele sobre a filha: Sabrina, era o nome da pequena. Ele comentou já estar na hora de cantar o “parabéns”, iria buscá-la e me apresentar antes.

Quando o Chien voltou com um bebê, eu até me assustei! Imaginava ser uma menina a se tornar adolescente. Bem... A esposa dele deve ser adulta ainda. Eu adoro um bebê, e claro, aproveitei para brincar um pouquinho com a menina no colo do pai.

Entretanto, só entendi a história toda, quando ele me apresentou sua segunda esposa, Lina. Chien era viúvo, a mãe do Ado faleceu há alguns atrás. Agora compreendo o motivo do filho querer namorar uma mulher exuberante como a Marbella. Sua madrasta é muito bonita e vistosa, havia ali, certa competição com o pai. Espero que ele caia na real e veja a Ana Maria como seu par ideal.

A Britânia estava lá também. Mas nem sei o porquê, ela não faz parte da sociedade secreta?! Parecia até conhecer a família toda, deve ser amiga da Lina. O Chien é bem engraçado, tentou fazer a pequena apagar as velinhas. Eu nem acreditei naquela loucura, ou melhor, senilidade! Deve ter esquecido, afinal o Ado já é um jovem sim. É claro, a menina não conseguiu. Mas eu dei umas boas gargalhadas com a tentativa dele.

A Sabrina ficou bem bonita, embora eu ainda ache a minha princesa mais... Vai até ser bom isto, quem sabe assim o Alex deixa a Violeta em paz? Isto se confirmou quando observei o moleque, ele mal conseguia tirar os olhos da pequena! E fiquei mais aliviado.

Entretanto, a menina foi totalmente atraída para o meu pequeno! Chamava por ele com euforia. Pensei que o Diamante era um tanto conquistador, mas ele ficou um tanto embaraçado com o assédio da Sabrina.

O Alex começou a chorar quando viu a cena. Menos mal... Agora, eu realmente fico tranquilo em relação a Violeta. E ele nem vai ter chance de ferir o coraçãozinho dela. Eles nem ficaram amigos ainda, foi só um abraço.

Eu estava realmente pensando ter resolvido tudo. Minha princesinha protegida do moleque e tals. Mas me amaldiçoei por tê-la ensinado a andar! Eu deveria ter esperado um pouco mais... Agora ela fica andando atrás do Júnior!

Quando vi o moleque todo animadinho abraçando a minha princesinha, tive vontade de bater no descarado. Mas nem ficava bem, vou ter que tomar conta destes dois mais de perto! O Júnior até se redimiu. Depois do abraço, bem inocente por parte da Violeta, ele reverenciou a minha filha beijando o chão onde ela ia passar. Acho bom mesmo, ela merece o melhor!

Ao olhar para o lado descobri o motivo da Britânia estar na festa. O Kléverson e ela estavam no maior amasso! Nem sei como não pensei nisto antes, os dois estavam morando juntos no antigo apê da Acácia, de um só quarto. Achei ser apenas uma amizade de longo tempo. E acreditava na história da Brenda, afinal ela foi morar em outra cidade por ele não querer compromisso. Mas isto já faz mais de ano! O tempo voa para um sim.

Do outro lado estava o Geraldo beijando a Marbella, ele mudou o visual para conquistar a garota. Bem, ela nunca esteve interessada no Ado mesmo, e nunca acreditei no interesse dele também. Afinal o jovem sim mal consegue parar de falar da Aninha...

Quando fui à casa deles quinta-feira e quem me recebeu foi a Ana Maria, mais conhecida por Aninha Mary. Mal entrei e me deparei com o clima de sedução entre o Geraldo e uma jovem sim. Seu visual já estava mudado, mais despojado. Finalmente ele percebeu que aquele cabelinho tipo cuia só fica bem nos índios do Tocantis e da Amazônia.

Perguntei a Aninha sobre a loira e prontamente ela me respondeu: era a Marbella. Por um instante, pensei nos problemas entre os dois amigos competindo pela a mesma garota. Porém no movimento seguinte, observei o envolvimento da loira com o Geraldo.

Ela estava bastante interessada nele e o enredava em movimentos sensuais, troca de olhares... O Ado era carta fora do baralho, neste caso, não ia adiantar dica e muito menos mudar o visual. Fui conversar com ele, comentei sobre a minha impressão em relação a Marbella e o Geraldo. Ele precisava desencanar da garota e buscar outra!

A princípio ele não gostou da minha observação, mas deu o braço a torcer. Não adianta ficar curtindo uma paixão pela garota do melhor amigo. Por fim eu perguntei sobre a Aninha. Ela me pareceu muito íntima da casa, afinal me atendeu na porta como se morasse ali.

O jovem sim ficou empolgado, parecia eu falando da minha luz, quando éramos apenas amigos. Logo compreendi, o Ado estava se enganando, buscando se apaixonar pela mulher errada. Na realidade, ele já estava apaixonado pela amiga e nem percebia.

Ao sair, abracei o jovem sim. Não resisti, disse para ele abrir os olhos e prestar atenção na menina do lado dele. Quem sabe assim ele enxergava seu verdadeiro amor? E acho que funcionou, os dois estavam bem abraçadinhos no sofá, ao final da festa!