segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Sr. e Sra. Arvoredo

Acordei de mansinho para não perturbar a futura mamãe e saí para minha prova final. Desta vez com muito aperto eu tirei dez. Ainda bem, pois com o pequeno a caminho eu preciso manter a mesma bolsa de estudos.


Ao chegar, Cristal estava sentada no computador, mas quando perguntei o que estava fazendo, ela desconversou e desligou o computador apressada. Não insisti, eu só queria aproximar e mimar um pouco mais o pequeno e sua mãe.


Logo já estava na hora da sua prova final. Fiquei olhando minha noiva sair com aquele andar engraçado de sim grávida.


Enquanto ela estava na prova, aproveitei para fazer meu relatório final. Pensava, no Olívio e na Acácia em como o seu relacionamento estava, não vou deixar meu relacionamento cair na rotina. Não mesmo! Por isso mesmo, resolvi aproveitar o resto do dia, num passeio com a Cristal.


Eu já estava na página final do meu relatório quando a ouvi me chamar para o almoço. Nem percebi o tempo passar e o seu movimento na cozinha. Desliguei o computador e fui.


Achei bem estranho aquele almoço: frutas com iogurte, desde quando sim come frutas? Sucos, eu já vi... Existe um prato chamado surpresa de abacaxi na Ilha, mas frutas variadas? Nunca vi. Minha luz descobre cada coisa!


Ela descobriu esta opção na mesma época da lasanha e resolveu experimentar, pois dizem que frutas fazem muito bem para os bebês. Mudei o assunto e perguntei se ela queria dar uma volta em Bela Vista, esta tarde.


Minha noiva ficou toda animada. Afinal nós sabíamos que após o nascimento do pequeno, não poderíamos mais passear por um bom tempo!


Após o almoço, fomos a pé até Bela Vista. Cristal prefere ir caminhando mesmo com aquele barrigão, diz que é bom para a digestão. Mas a gente só comeu fruta! Nem tinha muito o quê digerir... Hehehe Achamos um lugar muito bonito, em plena cidade. Acabei convencendo minha noiva a entrar comigo. Para nossa surpresa era uma Igreja.


Sentamos um pouco para ouvir o padre, mas era apenas um ensaio de sermão para casamento. Foi quando tive a ideia: Porque não me casar com a Cristal ali naquela Igreja? Com o casamento, nosso filho poderia ter meu sobrenome e a minha luz também, ou seja, seríamos uma família de verdade.


Fui até o altar e me aproximei do Padre perguntando sobre a possibilidade dele nos casar naquele momento. A princípio ele achou meio precipitado, mas quando viu o tamanho da barriga da minha noiva, percebeu ser meio tarde para questionar a nossa decisão. E assim resolveu nos casar naquela tarde mesmo.


Ansioso, questionei a Cristal se ela desejava casar comigo naquela tarde. Falei sobre o padre já haver concordado. Só faltava saber a vontade dela. Minha luz nem discutiu, disse sim e quase fez meu coração saltar do peito!


Após uma ligação rápida, a Igreja estava repleta com alguns amigos queridos, todos tinham em algum momento contribuído para minha história com a Cristal chegar a este ponto.


A Irmã Luzia tocou uma melodia no piano para a entrada da noiva. Eu abstraí, pois não tenho a mínima ideia de qual foi a música. Só conseguia ver minha futura esposa andando na minha direção.


Minha luz brilhava no fundo da Igreja. Como estava grávida, achou que vestido branco, véu e grinalda não iam pegar bem. Então escolheu um vestido simples, com cores suaves e apenas um diadema na cabeça, para completar o penteado. Estava linda!


Como eu não tinha um terno, usei o da sociedade secreta mesmo. Assim que ela chegou ao altar eu cumprimentei o pequeno e perguntei se eles estavam prontos. Cristal falou o quanto esperou por isto: Toda sua vida, ela estava pra lá de pronta!


O padre Augusto perguntou se podia começar... Ih, acabei esquecendo da cerimônia! Fiquei super sem graça. Nós nos aproximamos do altar e o Padre começou o sermão:


“Abram os olhos e percebam só de olhos abertos podemos enxergar a verdadeira Vida. Com eles abertos, basta se orientar pelo sentido da visão, a visão do Amor. Algo que não podem notar, quando seus olhos estão fechados.
A Luz da Vida é linda e está diante de nós ao abrirmos os olhos. O caminho iluminado mostra a existência da Vida pelo Amor. Este Amor é a essência de nossa alma.
Ah! O mundo de olhos fechados não nos serve mais. Resta-nos deixar o Amor surgir aos poucos aumentando nossa visão, aumentando a intensidade da Luz da Vida. Quando abrir os olhos veja: o Amor está aí, dentro de você!
‘E finalmente, amamos pura e simplesmente, sem qualquer outra necessidade ou alegria que a de amar.’”


Eu não consegui compreender metade do sermão, só entendi quando ele falou para trocarmos as alianças. Eu e minha luz trocamos as alianças com um sorriso aberto no rosto. Mas meu coração parecia explodir no peito de tão rápido que batia. Minha mão tremia, quase deixei a aliança cair.


Tive que segurar as mãos da Cristal, para me acalmar. Então percebi, ela tremia tanto quanto eu! Nós ficamos ali, de mãos dadas por segundos eternos, acalmando as batidas de nossos corações. Percebemos o simbolismo daquela cerimônia: estamos unidos por laços inseparáveis e para trilharmos juntos o caminho para o verdadeiro Amor.


Nossa emoção era crescente e esquecemos de todos a nossa volta. Selamos aquele compromisso com um beijo pleno de esperança no futuro.


Sorrindo para nós, o Padre Augusto pronunciou a frase final: O que Deus uniu sim algum separa! Logo estávamos todos saindo em direção ao jardim para a recepção.


A Irmã Luzia nos brindou desejando felicidades ao jovem casal. Eu e minha esposa (nem acredito! Estou tão feliz por chamar minha luz de esposa!) brindamos a nossa união.


É claro, eu a convidei para dançar. Afinal num casamento, o casal deve dançar ao menos uma vez juntos. Mas não consegui ficar só na dança, em pouco tempo eu me esqueci de onde estávamos e meus sentidos se voltaram para a beleza da Cristal. Aquele cheiro maravilhoso dela atordoa minha mente e não resisto: preciso beijá-la!


Naquela tarde de primavera, o amor estava realmente no ar! O Klaus dançou sem parar com a Flávia, o Olívio e a Acácia estavam arrasando, a Giuliana estava toda derretida com o novo namorado e por fim o Kléverson estava no maior amasso com a Brenda.


Antes de a festa terminar, Carmita fez questão de nos apresentar seu noivo. Ficamos um bom tempo sentados e conversando.


Por fim nossa festa de casamento foi um estrondoso sucesso. E eu tenho a impressão que foi por causa da escapadela do Kléverson com a Brenda... Hehehe


Depois da festa, nós fomos até o centro da cidade para jantarmos fora e comemorarmos o casamento a dois, ou melhor, três... Já estava esquecendo do pequeno!


Na porta do restaurante me redimi com meu bebê fazendo um carinho nele e perguntei a minha esposa (minha esposa, minha esposa, minha esposa... não me canso disso!) se não era melhor nós darmos uma volta antes do jantar, pois estava muito cedo. Ela concordou e atravessamos a rua.


Em frente ao restaurante, fica o Parque Labirinto Verde de Amor, onde a levei no nosso primeiro encontro. Emocionada, minha luz me abraçou e disse o quanto me ama.


Demos uma volta pelo parque e descobrimos uma piscina, eu nem tinha visto a piscina ali da outra vez e a Cristal também não. Nós estávamos muito ansiosos naquele encontro... Minha esposa (palavras mágicas!) estava um pouco cansada e me pediu para sentarmos um pouco.


Voltamos ao restaurante e sentamos no sofá esperando a fome apertar. Porém, nós dois não conseguimos ficar apenas sentados... Os carinhos foram crescendo e ganhando profundidade, nem percebemos a noite chegar, entretidos em nossos amassos.


Alguns amassos depois, requisitamos uma mesa para jantar e deixei minha luz fazer o pedido, afinal eu nem sabia o que pedir. Era minha primeira vez num restaurante! A comida estava excelente e cumprimentei-a pela escolha.


Depois do jantar eu nem queria sair dali, pois minhas pernas estavam tremendo de ansiedade. Era minha primeira noite com a minha esposa. Pode parecer idiotice, mas tinha algo de especial naquela bela noite de primavera, a primeira de muitas ao lado da sim amada, da minha família.


Quando chegamos a casa, ainda era dia e faltava poucas horas para minha aula. Então resolvemos estudar juntos para diminuir a pressão do novo semestre. Mais tarde, ao retornar da aula, eu encontrei a Cristal ainda estudando!


Como era nossa noite de núpcias, não a deixei continuar. Ficamos namorando um pouco e como sempre, dando uns amassos. Como sim não faz oba-oba no sofá... Fomos para o quarto.


Lá estava eu deitado, quando vi minha esposa apenas de calcinha me perguntando se os seus seios estavam muito inchados! Eu sei lá, eu nunca a vi sem sutiã antes!


Quando ela se deitou ao meu lado, estava tão ansioso que a tomei nos braços e fui logo partindo para o oba-oba. Foi tudo muito mágico. Já me disseram: a cor do amor é rosa. Será por isso que desta vez nossos fogos ficaram cor-de-rosa?


E pela primeira vez eu dormi ao lado da minha esposa! No dia seguinte acordamos juntos e bem cedo. Agora é minha luz a ter aulas de manhã.


Quando arrumei tudo lá em cima, ela já estava com as panquecas prontas. Nós começamos a discutir nomes para o pequeno. Ela sugeriu um nome para menino e eu simplesmente a-do-rei!


Mas achei importante ter opções para meninas também. Sugeri um nome, e minha esposa gostou muito, entretanto disse: “Vai ficar para o próximo, pois este, eu tenho certeza, é menino.”


Eu não ia discordar, afinal o pequeno está alojado dentro dela. Simplesmente mandei um beijo para a minha linda esposa. Quando terminamos, ela já estava em cima da hora para a aula. Mal tive tempo para lhe dar um beijo e brincar com o bebê.


Por fim, lá foi minha luz. Acho que de hoje não passa. A barriga está enorme! Resolvi correr um pouco, este negócio de comida gostosa todo dia está me tirando a boa forma.


Quando voltei da corrida, a Acácia estava sentada na porta de casa. Ao me aproximar percebi que ela não estava nada bem e a convidei a entrar.


Foi só entrarmos na sala para vê-la chorar. Tentei confortá-la, mas ela parecia inconsolável.


Fiquei muito feliz quando a Cristal chegou e assumiu aquela árdua tarefa. Talvez por serem do mesmo sexo, minha esposa logo conseguiu acalmá-la.


Mesmo assim, nunca vou me esquecer das lágrimas mal enxugadas no rosto triste da minha amiga querida. E eu não podia fazer nada para acabar com a sua dor.



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