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Eu sabia ser errado ficar escutando sem me anunciar, mas fiquei um instante tentando absorver aquela informação. Será que estávamos grávidos?

Por um momento aquilo me assustou, estar na universidade sem emprego, com um filho a caminho é para amedrontar qualquer um! Afinal, ia ser difícil cuidar de um filho, estudar e tudo o mais.

Mas, não faríamos isto se estivéssemos trabalhando? E ainda seria pior, pois não iríamos ficar com ele a maior parte do tempo e sim a babá. Argh! Tínhamos as bolsas de estudo para ajudar...

Fiquei pensando por um tempo. Eu podia virar as costas e deixar tudo para trás: Um possível filho, um futuro com a Cristal e continuar minha vida como se nada tivesse acontecido.

Seria feliz assim? Talvez, mas não honraria o nome que recebi! Ia ser um fraco se abandonasse o meu amor por medo da responsabilidade. Eu a amava intensamente.

Depois do susto inicial, comecei a ficar feliz, ter um filho me parecia uma confirmação do meu amor pela Cristal. Ver minha própria semente germinar junto à da minha luz em seu ventre me parecia uma experiência gratificante.

Foi quando me toquei: não se pode ter certeza de nada enquanto a barriga não crescer! Não havia motivo para esperar a hora certa de fazer minha proposta de noivado. As coisas acontecem tão rápido e tudo muda tão de repente... “A gente faz a hora, não espera acontecer.” O agora é sempre a melhor opção.

Irrompi na sala disposto a firmar o compromisso. Minha luz estava conversando, mas seu olhar me acompanhou. Olhei diretamente para ela. O momento era decisivo para mim e a Cristal percebendo se levantou logo.

Não precisei dizer nada, minha luz sabia que eu havia escutado sobre a provável gravidez. Não dei tempo para muitos argumentos, fui logo me ajoelhando. Ela perguntou se eu tinha certeza do que estava fazendo.

Tirando o anel do bolso eu afirmei que sim. E perguntei se ela estava disposta a dar este passo comigo. Ficou um tempo sem abrir a caixa, não totalmente convencida e ao mesmo tempo entusiasmada com a ideia. Questionou se não era por causa da possível gravidez.

Afirmei que era por não poder imaginar ser feliz sem ela ao meu lado. Minha resposta foi conclusiva. No mesmo instante a Cristal abriu a caixa pegou o anel colocou no dedo e ficou o admirando, sem dizer nada.

Eu ali de joelhos esperando um sim, ansioso pela resposta definitiva. Suas amigas até se levantaram, espantadas com meu arroubo. E foram cochichar no canto da sala. O tempo que Cristal levou para baixar a mão parecia eterno. Eu vi a cena a minha frente em slow motion.

Quando finalmente se atirou em meus braços, eu soube que era uma resposta positiva. Estamos noivos!
Ao descer escorregando pelo meu peito disse a palavrinha mágica: sim. Continuou dizendo o quanto me amava e queria fazer parte da minha vida. Eu mal tinha palavras para expressar o quanto estava feliz. Até suas amigas pareciam aprovar a novidade.

Nós ficamos um bom tempo nos comunicando apenas com olhares, um amor tão grande como o nosso parecia ser impossível. Porém somos sims e tudo é possível para um sim bem cuidado...

Não queria ficar longe de minha noiva... Era tão bom poder chamá-la assim! Não parava de expressar “eu te amo”, através dos olhos. Via refletida em seu olhar a mesma mensagem. Então selei nosso compromisso com um beijo carinhoso.

Estava absorto por aquele momento de felicidade, quando me lembrei do Olívio dizendo sobre o pedido de joelhos era coisa de sim apaixonado. E como eu estava apaixonado! Lembrei do chalé e contei a Cristal sobre o encontro com a Carmita.

Curiosa, ela perguntou onde era e se poderíamos ver o lugar antes de mudar. Quando falei que era em frente à antiga casa dela e sobre sermos esperados lá esta manhã minha noiva (é maravilhoso chamá-la assim!!!) ficou pensativa. E por fim falou o quanto gostava da fachada da casa: não era linda, mas parecia bem cuidada.

Fiquei empolgado e perguntei se podíamos ir logo para lá. Minha luz pediu para trocar de roupa antes. Eu também precisava de um banho e sugeri encontrá-la por lá em uma hora. E fui para a República.

Nós nos encontramos na porta do chalé. Eu estava admirado com o lugar. Embora já tivesse passado por ali antes, nunca tinha notado a casa. Como minha luz falou, a fachada era bem arrumadinha.

Mal a Cristal tocou a campainha e a porta já estava se abrindo. Carmita cumprimentou minha noiva primeiro. Elas se deram bem na primeira troca de olhares.

Empolgada, a dona da casa, elogiou meu gosto pela namorada. Então eu interrompi para dizer: minha noiva! Com muito orgulho no tom de voz e provavelmente ela percebeu.

E emendou rindo: “Mas ontem você disse que ia trazer sua namorada...” Eu não perdi a oportunidade e falei sobre o pedido esta manhã. Carmita completou: “Depois de vermos a casa precisamos comemorar!” Dito isso, ela nos encaminhou para dentro da casa.

A entrada dá direto na cozinha. Bem arrumada e espaçosa. Tudo combinando com o estilo do chalé.
No segundo andar havia dois quartos, num ela fez uma sala de estudos e o outro o quarto tinha uma cama de casal! Adorei, nem vou precisar gastar dinheiro comprando uma cama...Voltando para baixo ela mostrou a sala de estar. Tudo no mesmo estilo. Bem arrumadinho e simples. Nós gostamos muito!

Na sala Carmita me pediu para olhar uma foto na parede. Olhei para foto e achei interessante a árvore, parecia bem velha. Fiquei pensando qual era o tipo.

Então a sim explicou sobre o meu nome ser uma homenagem àquele antigo eucalipto australiano. Por isso mesmo ia deixar a foto ali, para mim. Eu agradeci, mas não entendi direito a história.

Fomos conversar na cozinha. Sentados à mesa, ela nos perguntou o que tínhamos achado da casa. E claro, respondemos a verdade. Não víamos a hora de mudarmos para lá.

Por sorte ela perguntou: “Porque não vêm morar aqui agora? Vocês nem precisariam pagar o aluguel, pois já está pago, só as contas...” Aceitamos na mesma hora. Carmita foi como um anjo enviado para nos ajudar naquele momento.

Então a minha luz se levantou e foi até a geladeira. Eu perguntei o que estava havendo. E ela respondeu: “Vamos comemorar com um almoço especial, tanto nosso noivado como a gentileza da nossa nova amiga!” Enquanto eu e Carmita estávamos sentados conversando. Cristal preparou e serviu a nossa refeição.

Quando vi o prato a minha frente, falei a sim o quanto minha noiva cozinhava bem. Minha luz retrucou, dizendo que eu nunca tinha comido e não podia elogiar sem provar. Mas depois da primeira garfada eu pude dizer: “Nunca comi nada tão gostoso!” No final da refeição eu recolhi os pratos.

Enquanto eu lavava os pratos, Carmita guardou as sobras na geladeira. Passamos uma tarde agradável conversando na sala. Por volta das três, nossa amiga disse que já era hora. Precisava voltar para Bela Vista.

Cristal agradeceu por tudo. Mas ela interrompeu dizendo não ser mais do que sua obrigação. Eu sorri, entretanto não entendi a colocação. Minha luz, muito emocionada, abraçou a Carmita.

Em seguida fez uma ligação, chamando um táxi. Por fim ela sumiu em uma nuvem de fumaça.

Nós ficamos chocados e não entendemos nada: como alguém podia sumir assim? Minha noiva estava intrigada e perguntou se eu tinha visto o mesmo que ela.

Eu respondi sim, a Carmita havia sumido em uma nuvem de fumaça bem a nossa frente. Muito louco. Eu nunca tinha ouvido falar sobre algo assim. Esta sim foi realmente um enigma para mim desde o início.

Por fim Cristal comentou: “Você reparou que estamos sozinhos?” Eu logo percebi o convite implícito em sua pergunta e a tomei em meus braços.